É por dentro das horas que desfio
O rosário das queixas que não faço
E esta fome de sol, que por cá passo,
Que me apodrece a vida e me faz frio
Sou abismo cavado em cada rio
Que rompe a terra mãe no seu abraço
E, do meu mais profundo, o puro traço
De quem, deixando-se ir, não desistiu
Mas, cada vez mais frio, dentro das horas
Que passam desmentindo outras demoras
Que o ciclo natural sempre despreza,
Se o leito do meu rio sabe que existe…
[se eu conquisto o direito de estar triste,
renego a minha afável natureza…]
Maria João Brito de Sousa – 26.10.2011 - 15.20h